domingo, 5 de junho de 2022

Qual a origem do conhecimento?

O ato de questionar acerca do conhecimento é quase tão antigo como a própria Filosofia. Já Platão e Aristóteles dedicaram grande parte da sua reflexão às questões do conhecimento, mas só na época moderna, nos séculos XVII e XVIII, que filósofos como Descartes, David Hume e Kant elegeram a teoria do conhecimento como uma das áreas fundamentais da Filosofia.

No que toca, especificamente, à origem do conhecimento surgem perguntas como:

“Qual é, realmente, a origem do conhecimento?”

“Será que o conhecimento provém unicamente da experiência?”,

“Será que o conhecimento tem origem na razão?”,

“Ou provirá de ambas as fontes, mas com diferentes graus de verdade?”. 

Por isso, o problema da origem do conhecimento consiste em determinar como se adquirem as ideias e os primeiros princípios que normatizam todo o conhecimento. 

Na tentativa de responder a pergunta sobre a origem do conhecimento, surgiram duas teorias fundamentais: o empirismo, racionalismo. 

Teoria racionalista 

Salienta o papel da razão, afirmando que esta, só por si e sem auxílio da experiência (a priori, portanto) garante a aquisição e justificação do conhecimento.

 Logo para os racionalistas a fonte do conhecimento é a razão ou pensamento. 

Descartes e o racionalismo

Como procede o pensamento para construir um conhecimento verdadeiro?
Descartes institui a dúvida como método, como instrumento de trabalho na busca de verdades indubitáveis sobre as quais seja possível fundar um edifício de conhecimento seguro. 
Assim, o pensamento deve proceder de forma metódica, de modo a eliminar qualquer erro. Mas para ser eficaz nada pode escapar à dúvida, que é universal e a dada altura, também hiperbólica. 
O certo será apenas e só o indubitável, ou seja, todas as crenças que resistirem ao exercício da dúvida são aprovadas, enquanto as crenças que não resistirem, vão ser rejeitadas.
O exercício da dúvida faz surgir uma primeira certeza indubitável, a existência do sujeito pensante, o que deu origem ao cogito de Descartes: "Penso, logo existo". 
Esta é a primeira verdade que emerge do método cartesiano, ou seja esta é a primeira verdade inabalável que resiste inclusivamente à dúvida hiperbólica( génio maligno). ​


Quem garante esse critério?
Deus

Deus garante que tudo o que é claro e distinto é verdadeiro. Descartes explicou a existência de Deus através do seguinte processo: 

apesar de ser imperfeito, este tinha em si a ideia de perfeição. Se imperfeição não gera perfeição então esta ideia só poderia ter sido depositada nele por um ser perfeito(Deus). Como a existência decorre necessariamente da perfeição, então Deus tem de existir.
Segundo isto, se Deus é perfeito, não o pode querer enganar (pois a bondade é uma característica da perfeição), o que garante a verdade das ideias claras e distintas.
Com Deus como garantia Descartes deduziu outras verdades, como a existência do mundo, por exemplo e construiu com toda a segurança o seu edifício do conhecimento.

Teoria empirista

O empirismo defende que toda a nossa estrutura cognitiva é formada com base na experiência prática, de modo que, quanto mais vastas, intensas e ricas as nossas experiências, mais amplo e profundo o nosso conhecimento.

Hume e o empirismo

De onde provém o conhecimento?

Todo o conhecimento provém da experiência sensível. Os primeiros dados do conhecimento são impressões sensíveis sob a forma de perceções ou representações. 

As perceções correspondem a  qualquer conteúdo da experiência e ocorrem quando o indivíduo observa, sente, recorda, imagina. Segundo Hume, existem dois tipos de perceções: 
  • as impressões (sensações).
  • ideias (imagens ou cópias). 
Como procede o pensamento ao raciocinar e construir o conhecimento?

O nosso raciocínio funciona por associação de ideias. As inferências resultam da capacidade da imaginação permitir antecipar os acontecimentos futuros, mas essa associação de ideias não é arbitrária. 

Existem, segundo Hume leis que dirigem essa combinação das ideias, como:

Semelhança
Se dois objetos se assemelham, então a ideia de um conduz ao pensamento do outro.

Contiguidade no espaço e/ou tempo
Se dois objetos são contíguos no espaço e/ou no tempo, a ideia de um leva à ideia do outro

Causa ou efeito
Pensamos os objetos em função da relação de um com o outro. A causa traz-nos ao pensamento o efeito. O efeito transporta o pensamento para a causa.



Conhecimento de ideias(a priori):
Consiste em estabelecer relações entre as ideias que constituem cada uma das proposições.

Ex: "doze é o triplo de quatro"

Conhecimento de factos (a posteriori):
É o tipo de conhecimento que só pode ser obtido através das impressões, ou seja, através da experiência, e que nos fornece informação verdadeira acerca do mundo.

Ex: "A chuva molha" 

Como adquirimos as crenças?


Teoria de Immanuel Kant

Kant percebeu que a experiência sensível tinha um papel fundamental na construção do conhecimento.
Concordou com os empiristas, ao considerar que só há conhecimento a partir dos dados captados pelos sentidos.
Concordou com os racionalistas, pois afirmou que nem todo o conhecimento tem origem.

De acordo com o filósofo alemão, o conhecimento provém de duas fontes do espírito:
A primeira consiste em receber as representações (a recetividade das impressões);
A segunda é a capacidade de conhecer um objeto com base nessas representações (espontaniedade de conceitos).

Assim este afirma que os objetos são alvo de sensações que geram em nós impressões. 
Contudo, os objetos precisam de ser reconhecíveis para que essas impressões tenham sentido. 
Por isso, o conhecimento das coisas do mundo é influenciado pela sensibilidade e o entendimento.















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